domingo, 28 de novembro de 2010

Touareg - Entrevista

Primeiramente eu queria dizer que eu tirei esse post de um outro blog.

Achei bem interessante, tanto por cultura, quanto por lição de vida também, desse povo tão interessante, os Touaregs.


Também chamados de "homens-azuis", os tuaregs formam um povo nômade que vive do pastoreio no deserto do Saara.



*O tuareg Moussa Ag Assarid, acaba de publicar, na França: "Não existe engarrafamento no deserto!"


- Não conheço minha idade: nasci no deserto do Saara, sem endereço nem documentos…! Nasci num acampamento nômade tuareg entre Timbuctú e Gao, ao norte do Mali. Fui pastor dos camelos, cabras, cordeiros e vacas que pertenciam a meu pai. Hoje, estudo Administração na Universidade de Montpellier, no sul da França. Estou solteiro. Defendo os pastores tuaregs. Sou muçulmano, mas sem fanatismo.




Que turbante bonito!


É apenas um tecido fino de algodão: permite cobrir o rosto no deserto quando a areia se levanta e, ao mesmo tempo, você pode continuar vendo e respirando através dele.




Sua cor azul é belíssima…


Ela é a razão pela qual chamam a nós, tuaregs, de homens-azuis: o tecido aos poucos desbota e tinge nossa pele com tons azulados.




Como vocês produzem esse intenso azul anil?


Com uma planta chamada índigo, misturada a outros pigmentos naturais. O azul, para os tuaregs, é a cor do mundo.




Por que?


É a cor dominante: a do céu, a do teto da nossa casa.




Quem são os tuaregs?


Tuareg significa “abandonado”, porque somos um velho povo nômade do deserto, um povo orgulhoso: “Senhores do Deserto”, nos chamam. Nossa etnia é a amazigh (berbere), e nosso alfabeto, o tifinagh.




Quantos vocês são?


Cerca de três milhões, a maioria ainda nômades. Mas a população diminui… “É preciso que um povo desapareça para que percebamos que ele existia!” denunciou certa vez um sábio: eu luto para preservar o meu povo.




A que ele se dedica?


Ao pastoreio de rebanhos de camelos, cabras, cordeiros, vacas e asnos, num reino feito de infinito e de silêncio.






O deserto é mesmo tão silencioso?


Quando se está sozinho naquele silêncio, ouve-se as batidas do próprio coração. Não existe melhor lugar para quem deseja encontrar a si mesmo.


Que recordações da sua infância no deserto você conserva com maior nitidez?


Acordo com o sol. Perto de mim estão as cabras de meu pai. Elas nos dão leite e carne, nós as conduzimos onde existe água e grama… Assim fez meu bisavô, meu avô e meu pai… E eu. No mundo não havia nada além disso, e eu era muito feliz assim!


Bem, isso não parece muito estimulante…


Mas é, e muito. Aos sete anos de idade, já permitem que você se afaste do acampamento e descubra o mundo sozinho, e para isso lhe ensinam coisas importantes: a cheirar o ar, a escutar e ouvir, a aguçar a visão, a se orientar pelo sol e as estrelas… E a se deixar conduzir pelo camelo; se você se perde, ele lhe conduzirá onde existe água.


Esse é um conhecimento muito valioso, não há dúvida…


Lá tudo é simples e profundo. Existem poucas coisas no deserto, e cada uma delas possui grande valor.


Assim sendo, este mundo e aquele são bem diferentes, não é mesmo?


Lá, cada pequena coisa proporciona felicidade. Cada roçar é valioso. Sentimos uma enorme alegria pelo simples fato de nos tocarmos, de estarmos juntos! Lá ninguém sonha com chegar a ser, porque cada um já é.


O que mais o chocou ao chegar pela primeira vez na Europa?


Ver a gente correr nos aeroportos. No deserto, só corremos quando uma tempestade de areia se aproxima. Fiquei assustado, é claro…


Corriam para buscar suas bagagens…


Sim, devia ser isso. Também vi cartazes mostrando moças nuas: por que essa falta de respeito para com a mulher?, Perguntei-me… Depois, no Hotel Íbis, vi uma torneira pela primeira vez em minha vida: vi a água correr… e tive vontade de chorar.








Que abundancia, que desperdício, não é mesmo?


Até então, todos os dias da minha vida tinham sido dedicados à procura d’água. Até hoje, quando vejo as fontes e chafarizes decorativos que existem aqui, sinto uma dor imensa dentro de mim.


E por que?


No começo dos anos 90 houve uma grande seca, os animais morreram, nós adoecemos… Eu tinha uns doze anos, e minha mãe morreu… Ela era tudo para mim. Contava-me histórias e ensinou-me a contá-las bem. Ensinou-me a ser eu mesmo.


Que aconteceu com sua família?


Convenci meu pai a deixar-me frequentar a escola. Todos os dias eu caminhava quinze quilômetros para chegar até ela. Até que um professor arrumou uma cama para eu dormir, e uma senhora me dava comida quando eu passava em frente à sua casa. Entendi: era minha mãe que me ajudava…


De onde veio essa paixão pelos estudos?


Dois anos antes, o rally Paris-Dakar passou pelo nosso acampamento, e caiu um livro da mochila de uma jornalista. Eu o apanhei e devolvi a ela. Mas ela me deu o livro de presente e disse que ele se chamava “O Pequeno Príncipe”. Naquele instante prometi a mim mesmo que um dia seria capaz de lê-lo…


E você conseguiu?


Sim. Foi assim que consegui uma bolsa para estudar na França…


Um tuareg na universidade!


Do que mais tenho saudade é do leite de camela. E do fogo de madeira. E de caminhar descalço sobre a areia tépida. E das estrelas: lá, nós as admiramos todas as noites, e cada estrela é diversa da outra, como cada cabra é diversa da outra. Aqui, à noite, vocês ficam vendo televisão.


Sim. Na sua opinião, qual é a pior coisa que existe aqui?


A insatisfação. Vocês têm tudo, mas nada lhes é suficiente. Vivem se queixando. Na França, passam a vida queixando-se. Vocês se acorrentam por toda a vida a um banco por causa de um empréstimo, e existe essa ânsia de possuir, essa correria, essa pressa. No deserto não existem engarrafamentos, sabe por que? Porque lá ninguém quer passar à frente de ninguém!


Relate um momento de felicidade intensa que você viveu no seu distante deserto.


Esse momento ali se repete a cada dia, duas horas antes do pôr-do-sol: o calor diminui, o frio da noite ainda não chegou, homens e animais retornam lentamente ao acampamento e seus perfis aparecem como recortes contra o céu que se tinge de rosa, azul, vermelho, amarelo, verde…


É fascinante. E então… Esse é um momento mágico… Entramos todos na tenda e fervemos a água para o chá. Sentados, em silêncio, escutamos o barulho da água que ferve… A calma toma conta de nós… As batidas do coração entram no mesmo compasso dos gluglus da fervura…

domingo, 28 de março de 2010

Recorte - Sobre o senhor da foto









Era domingo, aproximadamente umas 22:00h quando eu me preparava pra dormir. Como de costume fiz um lanche, lavei as vasilhas, escovei os dentes e me deitei. Após acordar de madrugada, por volta das 03:00h, e não conseguir mais dormir, fiquei esperando deitado até que o sol se mostrasse, e enquanto isso pensando se iria ou não pra aula de Direito constitucional no cursinho, motivo? na UnB teria a semestral 'aula da inquietação'. Quando amanheceu, levantei e tomei banho e decidi que iria pra universidade, afinal, uma aula de inquietação com Marcelo Gleiser não é todo dia que se pode ter.

Saí de casa mais cedo que o de costume pra evitar o trânsito (infernal) da EPTG e também pra conseguir um lugar melhor no teatro arena. Cheguei lá ainda estava bem vazio, devia ter umas 10 pessoas no máximo fora o pessoal da UnBTV e os organizadores do evento, que acabavam de preparar tudo (e digo a vocês que ter esquecido meu livro [As benevolentes] foi o pior erro que eu podia ter cometido, dado o tempo que fiquei esperando). A propósito o pessoal da UnBTV parece ser bem engraçado, mas isso não vem ao caso. Lá pras 9:00h, que era o horário fixado pro início da aula, o teatro já estava lotado, tinha gente de todo tipo e de todas as idades, de graduandos a mestrandos, de mestres a doutores, inclusive um pessoal do ensino médio e fundamental da rede pública, e até um auto didata, mas vou dar destaque aqui para um senhor que estava sentado na grama, com uma camisa de manga longa branca, calça e sapatos brancos e também cabelo e barba brancos, mais adiante volto a falar dele.

Por volta de umas 9:10h começou a aula. O Gleiser fez uma viagem no tempo, desde a criação do universo até os dias atuais, me fez lembrar o 1º vestibular de 2009 (salvo engano), em que na primeira página havia um gráfico ilustrando justamente essa linha do tempo, que o Gleiser fez questão de nos detalhar. Terminada a aula, que eu achei um tanto rápida(deve ter sido porque eu me concentrei bastante...), fizeram-se duas filas para a segunda parte, em que o pessoal da platéia fazia suas perguntas. Achei interessante três fatos nessa hora: primeiro do auto didata que, segundo ele 'veio da roça' e que 'valeu muito o fato de ter nascido pra escutar uma aula como essa', pelo jeito ele veio da roça mesmo, coisa que eu dou extremo valor (a busca pelo conhecimento como forma de prazer), segundo fato foi o aluno de Letras que, me desculpem a sinceridade, mas ficou tão nervoso que nem conseguiu falar, ou expressar da forma que queria, imagino eu. Mas nessa hora eu ouvi comentários de pessoas do lado que conheciam ele de que ele era daquele jeito mesmo... fiquei pensando nisso depois da palestra muito tempo, sobre como é complexo saber se expressar bem na fala. No cursinho tive um professor que dominava completamente essa habilidade, é engraçado que só o entoamento já prende a atenção, e o colocamento certo das palavras completa o trabalho. Gleiser falou disso também, mas não vem ao caso. Na hora que esse estudante começou a falar e gaguejar uma grande parte do pessoal riu, mas logo pararam por perceber a dificuldade do rapaz. Confesso que no começo eu ri também, mas logo parei. Acho que esse tipo de pessoa pensa bastante e por ter tantos pensamentos, na hora, e pelo curto tempo designado a cada pergunta, junto à pressão de falar pra mais de duas mil pessoas, acaba fazendo um congestionamento de idéias e na fala isso se refletiu como tal. O terceiro fato que me chamou atenção foi a pergunta de uma estudante de Geologia: sobre se a concepção que nós temos de vida (o Gleiser ja havia comentado sobre vida em outros planetas, água e suas interrelações.) não é muito cega. Ou seja: se nós não deveríamos abstrair e pensar que a vida pode advir de outras formas/elementos que não da água. Gleiser respondeu que ela estava certa, e que alguns cientistas ja estudam essa hipótese de termos, por exemplo, vida que gira em torno da amônia, ou do selênio.

Depois dessa pergunta ainda tinha mais uns 8 na fila pra perguntar, eu ja estava com fome e saí. Passei numa daquelas lanchonetes do ceubinho e sentei num daqueles bancos de madeira pra comer. Comi e depois fui pro carro, e já estava vindo embora pro Guará quando perto da zona central, ali no plano, me lembrei que haveria ao 12:30 um 'julgamento dos criminosos(políticos) do DF' e resolvi voltar. Voltei e sentei no mesmo banco, do meu lado tinha um gringo, parece que era Alemão, depois eu vi no site da UnB que tinha uns intercambistas de lá na UnB, acho que ele era um deles.

Pouco depois ele saiu e chegou o tal senhor de branco. Sentou do meu lado e abriu a mochila dele e nessa hora eu olhei e vi o livro do Gleiser lá dentro, ele tinha acabado de comprar na palestra. Quando ele viu que eu olhei, puxou assunto: 'Esse Gleiser(pronunciou Glaiser) aí.. acho que é essa a pronúncia né?' respondi: 'eu achava que era 'Glaiser também, mas vi o reitor falando 'Glêiser' então..' - 'Esses franceses..' continuou - 'a pronuncia certa é Glaiser, mas nem ele próprio deve saber... aliás ele não sabe lá muita coisa' fiquei olhando, esperando ele continuar e ele disse: 'Eu não acredito na teoria do Big Bang... acho que na verdade o que aconteceu foi o contrário: uma implosão.' e encenou com as mãos. Após uma explicação de uns cinco minutos sobre essa hipótese, ele ficou me olhando, esperando que eu fosse falar alguma coisa mas logo prosseguiu, com o tom de voz bem baixinho e aproximando-se mais, parecia contar-me um segredo
: 'Acho que esse Gleiser deveria ler mais, depois da aula fui falar com ele, pelo jeito eu o incomodei bastante.. ele pareceu até ficar com medo de mim' e riu sozinho; 'disse a ele que ele devia ler "A grande síntese" de Pietro Ubaldi, você o conhece?' respondi-lhe que não e ele disse: ' é o melhor livro que o ocidente possui.' ; ficou me olhando como que esperasse uma resposta, e eu o questionei 'sobre o que ele trata?', respondeu de prontidão: ' de tudo!', eu ia começando a falar quando ele me interrompeu ' Biologia, Química, Física, Matemática, Política, Direito... como diz o título, não é? sobre tudo. É um excelente livro.' (era perceptível que ele era um senhor de muito conteúdo, falava como se estivesse dialogando com um aluno...)disse-lhe que ia comprar. "O senhor é professor aqui na universidade?" perguntei. Ele respondeu que não, que era aposentado mas que ja havia sido professor; perguntei se ele havia estudado na UnB, ele disse que se formou em Letras, História e que iniciou Filosofia mas que não concluiu. Como é de meu interesse perguntei-lhe qual era sua religião. Ele respondeu: 'a princípio sou espírita... mas universalista' - 'porque a princípio?' perguntei. 'Ora, ninguém come apenas uma fruta. Ninguém come apenas um tipo de cereal, ou carne, devemos nos alimentar de forma completa e de modo que satisfaça nosso corpo da melhor maneira, não é, filho? Eu estudei várias religiões e de cada uma delas procuro extrair o melhor pra mim... mas sou universalista'. Perguntei-lhe tambem sobre quem era Deus e ele disse: 'Ora, Deus é tudo não é? Deus é o cosmos, de onde adveio tudo... nós somos fragmentos de Deus, você pode não gostar, e nós temos mania de evitar esse pensamento, mas nós somos pedaços de Deus e é nossa missão sermos isso, pois assim devemos fazer o bem sempre, de forma que possamos evoluir...'. Ele deixava bem claro a postura de espírita enquanto falava. 'Uma vez, antes de nós existirmos, antes de existir vida na Terra, sabia que nós (a Terra) quase deixamos de existir? O nosso guardião estava fraco, foi aí então que veio o guardião de Saturno e cedeu suas forças para que então pudessemos existir...' (confesso que não entendi muito bem essa parte, tava muito barulho na hora porque do lado estava tendo o tal julgamento, e também ele falava muito baixo, mas ele falou muito mais sobre esse... fato).

Depois desse assunto eu aproveitei para perguntar uma coisa que eu gosto muito de pensar a respeito: a morte.
"E o senhor, como espírita, como vê a morte? acredita em vida no pós morte ou como o senhor vê isso tudo?", ao passo que ele respondeu: 'a morte é uma passagem, uma coisa extremamente boa' "o senhor não tem medo?" interrompi; ' não.. nem um pouco. Veja que após a morte tudo será melhor, tudo será mais intenso.. os seus sentidos se aguçarão e tudo se intensificará.. as alegrias, os prazeres, mas as dores também.'; "E o que vem depois ?" perguntei; 'como você se refere a "depois" ? '; 'logo após a morte mesmo, no momento após se você fica por aqui, ou pra onde vai...' ; ' alguns ficam mais ou menos umas duas horas e depois sobem.. Chico subiu igual um foguete!' (referindo-se a Chico Xavier. Ele o citou várias vezes em suas explicações) rindo continuou, mas logo parou de rir 'Isso depende de quem você foi aqui... as pessoas boas vão logo, as ruins e principalmente os que suicidaram sentem muitas dores, inclusive a da decomposição do corpo.. elas ficam presas ao corpo..' perguntei a ele se ele ja havia visto algum espírito, ele disse : 'sim..' - "e não se assustou?" - 'nem um pouco.. é muito normal.. eu sou médium, filho' - "Mas e se o espírito quiser permanecer aqui na terra?" - ' é escolha dele, houve uma vez que ocorreu de um espírito aparecer pros seus amigos, pois tinha prometido a eles tal fato.. mas geralmente eles preferem reencarnar logo, pois como te disse, as dores são também acentuadas e você vê todos seus erros durante a vida, e essa dor faz com que você queira reencarnar logo para melhorar seus atos e se livrar da dor.'. Nesse momento ele tirou da mochila um vidro de um arroz vermelho, falou que estava estudando nutrição e que era arroz integral, só que vermelho.. e me ofereceu, perguntou se eu ja tinha almoçado e onde eu morava; eu respondi que estava cheio e o agradeci. Disse-lhe: 'moro no guará'. A essa hora já era mais de 13:00 h e eu disse a ele que tinha que ir, me despedi e saí.

Pensando depois, acho que essa conversa com esse senhor, que antes de sair me disse seu nome: Álvaro, me inquietou um tanto mais que a própria aula do Gleiser... Não citei aqui toda a conversa porque não me lembro de algumas partes e porque ficaria demasiado extenso. Mas outra parte interessante e como consta na foto foi que ele me disse que era poeta e logo pôs se a ler um de seus poemas, era sobre paz. Eu que não sou leitor frequente de poemas me encantei com aquele, que apesar de extenso era feito de um vocabulário extremamente rebuscado e rico, e de sonoridade agradável.

As vezes acho que esses fatos que ocorrem assim ( eu já ia pra casa quando resolvi voltar e me encontrei com esse senhor que nunca tinha visto na vida ) são meio que um dedo de Deus nas nossas vidas, seja pra abrir o coração, seja pra abrir a mente a novas ideologias, ou a novos objetivos, mas que sempre trazem consigo um recado intrínseco. Acho que captei o meu e não sei se cabe expor aqui qual foi. Mas que saibamos reconhecer essas oportunidades e delas tirar seus melhores resultados.

Guilherme Resende.

Um breve pensamento sobre a vida e a morte.



Hoje eu quero escrever um pouco sobre um dos assuntos que eu acho o mais intrigante de todos: a morte.
Vou tentar ser bem simples quanto aos meus pensamentos.
*Quero deixar claro que não sou formado na área de Psicologia, ou qualquer outra que discuta sobre esse tema, e que o que está escrito aqui é apenas meu pensamento, não querendo, assim, causar conflito com nenhuma teoria de qualquer vertente das ciências*

Imagine que uma pessoa nasceu, passados alguns anos ela começa a ter consciência de que, independente do país, cultura ou comunidade em que está, ela está ali por si só. Quando eu digo por si só, quero dizer que todas as ações que ela pretender, ou fizer, refletirão primeiramente sobre ela, sendo assim ela começa a ter uma preocupação maior a cada dia sobre suas ações, sobre inclusive a sua imagem para os outros, começa, então, uma luta para se mostrar capaz a cada dia, passa-se o tempo, experiências são vividas e essa pessoa agora ja está um tanto mais consciente de que suas ações tem a cada dia uma importância maior sobre o meio, só não tem ainda a consciência ou não despertou o interesse de usar isso da melhor forma, normal. Acho que todos temos essa fase, mas continuando. Começa então a fase social, em que essa pessoa escolhe um grupo social, ou ,como dizem, uma tribo, e o segue, talvez por pouco tempo, talvez por muito tempo, ou talvez até pela vida inteira, e cá na tribo ela pode agora se expressar melhor, ter suas atidudes agrupadas com outras de mesmo interesse num objetivo único de ... alcançar um objetivo, seja ele qual for, uma melhoria, um direito, uma revolução, no geral, mudanças. É uma fase um tanto quanto conturbada, mas ao mesmo tempo válida, uma vez que o indivíduo está agora preocupado em não só viver o meio, mas tentar mudar o modo de vida do meio e se possível adaptá-lo a si, ou se não, adaptar-se a ele. Eu diria até que isso não é apenas 'uma fase', mas que perdura daí em diante pelo resto da vida, mas com algumas oscilações de intensidade.
Seguindo, depois de adentrar à vida social, o indivíduo agora procura começar a fixar sua base em certo meio, para que num futuro, próximo ou não, ela possa ser independente, entra aqui, então, em uma jornada extensa, talvez até pelo resto da vida, de aprendizado. E essa é para mim uma das partes mais interessantes, senão a mais interessante, pois quando no indivíduo é desperto o desejo/prazer pelo conhecimento no seu sentido amplo é como se ele adentrasse em um novo mundo, como Platão bem explicou, ele sai da caverna e do mundo das sombras, para o mundo da luz. Um mundo em que ele sempre viveu, mas que apenas não sabia disso. Estava alí, mas só com essa 'chave' ele pôde ver. E de agora em diante, nosso indivíduo segue primeiro em uma fase de teste, que exige um mínimo conhecimento do mundo à sua volta, e nesse teste é também onde ocorre uma etapa da 'seleção natural' onde vários desistem e vários outros continuam tentando (sim se você está pensando nele, é sim, para nós, o vestibular).
Passado esse teste, ele agora adentra ao estudo amplo da área do conhecimento com a qual ele teve mais afinidade, e segue, queira Deus, por toda vida nela, trazendo os melhores resultados e as melhores descobertas para algo que agora está um tanto além de si.

Para mim é um tanto fácil pensar nisso, na vida, de uma forma natural, sem maiores esforços. Porém, digamos agora que este nosso indivíduo morra. Boom.
Quero expôr, antes de tudo, uma indagação que vi em 'As benevolentes'(Jonathan Littel): O que é a morte?
Quero dizer... o momento exato da morte, em um momento há a vida, ainda que com ferimentos múltiplos da futura causa da morte, ou como ele citou 'ainda que com a corda no pescoço', esse momento ainda é da vida, porém depois disso já é, digamos, parte pertencente à morte. A indagação em si é: quando é o momento da morte, que nenhum fotógrafo consegue registrar?
Diga-me, pra onde vai aquela consciência, que alguns preferem chamar de alma (mas que pra mim no fundo é uma coisa só...) ?
Um dia eu estava observando o sacrifício de um porco para alimentação de uma familia. Como o autor bem citou: em um momento o porco estava alí andando normalmente, com todas suas funções vitais normais, no outro tive uma visão de que ele, agora, era só um monte de carbono amontoado e sendo limpo enquanto a água levava seu sangue e depois seria preparado para ser comido, e que, então, daria continuidade ao ciclo de renovação do carbono. Um tanto complexo de se traçar uma lógica para a 'alma' dele. Já me disseram uma vez que os animais não tem a alma que nós temos, ou que não tem alma. O que pra mim é uma grande besteira, e uma grande prepotência de quem falou, seja quem for. Pra mim nós homens, só temos alguns nervos cerebrais a mais e organismo mais evoluído que eles(animais). O conceito de vida e morte é o mesmo para os dois, logo ambos vivem, morrem, e quando morrem não creio que "o homem vai para o céu, ou inferno"... e os animais? simplesmente somem do universo e fim? Creio que o caminho pós morte, seja ele qual for, é comum a todos. Seja reencarnação, seja vagar por aí sem destino, seja o que for.
Meu pensamento estava até um pouco assentado sobre isso, quando resolvi um dia desses, pensar sobre os dinossauros. Outro boom. Bom, se a lógica fosse a da reencarnação, e os animais estivessem incluídos, o que foi feito, então da alma desses que já foram extintos? Pra mim já caiu por terra, e eu continuo incerto sobre minhas próprias opiniões a cerca de o que vem depois da morte.
Mas talvez seja isso. Ficar sem resposta. Afinal ninguém soube responder por certo até hoje, e ninguém voltou de lá pra nos dizer como foi, então resta esperar para saber. Sobre o medo? Bom, as vezes eu tenho medo, as vezes eu tenho curiosidade, e as vezes eu não tenho medo. Ora, se o carbono faz um ciclo, então alguém, ou algum animal/planta teve que morrer para que nós pudéssemos nascer, porque o carbono que me forma, que te forma não surgiu do nada, então para que outros possam nascer, é também necessário que um dia eu morra, que você morra, e seja como for, é mesmo inevitável, porque não seguí-lo ? E porque medo? Porque é desconhecido, eu sei. E nós temos mania de temer o desconhecido. O que fazer então, pelo amor de Deus?!
Bom, cada um faz o que lhe parecer mais acolhedor, uns preferem seguir fielmente a crença de que após a morte encontrarão seu Deus, e também seus entes falecidos, (o que eu acredito que seja possível), outros acreditam que vão logo reencarnar, outros acreditam que voltarão em forma de animais, outros acreditam no Deus Sol, outros no Deus Anúbis, que tem cabeça de cachorro, sabe-se lá porque, outros acreditam, mais bizzaro ainda soa para nós, em Deuses que tem cabeça de elefante (?!), outros ainda em Deuses que habitam o Olimpo. Uma infinidade de Deuses e formas que não cabe expor, e uma infinidade de crenças. É como um professor me disse uma vez: 'Hoje nós achamos engraçado e bizarro quando nos falam que o povo antigo no Egito era mumificado, e que era colocado numa pirâmide com todos os seus bens, acreditando que os levariam consigo e matavam, inclusive seus servos crendo que eles o acompanhariam após a morte, e ainda colocavam barcos desmontados aos pés do defunto, vejam vocês, crendo que seria necessário para que ele navegasse pelo céu junto ao Deus Sol. Porém em outros lugares do mundo, eles acham tão engraçado quanto, quando ouvem que nós adoramos um pedacinho de pão, dizendo que é corpo de Deus, e que tão logo iremos para o reino dos céus se passarmos nossa vida adorando.'
Religião é um ponto de vista individual. Não vou ficar discutindo mais a fundo aqui.

Acho que isso é um pouco do que eu penso sobre esse assunto tão desconcertante e complicado. Não consegui, e acho que ninguém também, chegar a uma conclusão ainda, mas acho extremamente curioso ficar pensando a respeito.

PS - Se alguém quiser comentar e deixar sua opinião, ou discutir, sinta-se à vontade.


Guilherme Resende










Só um teaser para o próximo texto: vocês já pararam pra pensar quão grande é o universo? 13.7 bilhões de anos, é a sua idade estimada. Tem noção do quanto é isso? Tempo e o universo serão os próximos temas.
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