domingo, 28 de março de 2010

Um breve pensamento sobre a vida e a morte.



Hoje eu quero escrever um pouco sobre um dos assuntos que eu acho o mais intrigante de todos: a morte.
Vou tentar ser bem simples quanto aos meus pensamentos.
*Quero deixar claro que não sou formado na área de Psicologia, ou qualquer outra que discuta sobre esse tema, e que o que está escrito aqui é apenas meu pensamento, não querendo, assim, causar conflito com nenhuma teoria de qualquer vertente das ciências*

Imagine que uma pessoa nasceu, passados alguns anos ela começa a ter consciência de que, independente do país, cultura ou comunidade em que está, ela está ali por si só. Quando eu digo por si só, quero dizer que todas as ações que ela pretender, ou fizer, refletirão primeiramente sobre ela, sendo assim ela começa a ter uma preocupação maior a cada dia sobre suas ações, sobre inclusive a sua imagem para os outros, começa, então, uma luta para se mostrar capaz a cada dia, passa-se o tempo, experiências são vividas e essa pessoa agora ja está um tanto mais consciente de que suas ações tem a cada dia uma importância maior sobre o meio, só não tem ainda a consciência ou não despertou o interesse de usar isso da melhor forma, normal. Acho que todos temos essa fase, mas continuando. Começa então a fase social, em que essa pessoa escolhe um grupo social, ou ,como dizem, uma tribo, e o segue, talvez por pouco tempo, talvez por muito tempo, ou talvez até pela vida inteira, e cá na tribo ela pode agora se expressar melhor, ter suas atidudes agrupadas com outras de mesmo interesse num objetivo único de ... alcançar um objetivo, seja ele qual for, uma melhoria, um direito, uma revolução, no geral, mudanças. É uma fase um tanto quanto conturbada, mas ao mesmo tempo válida, uma vez que o indivíduo está agora preocupado em não só viver o meio, mas tentar mudar o modo de vida do meio e se possível adaptá-lo a si, ou se não, adaptar-se a ele. Eu diria até que isso não é apenas 'uma fase', mas que perdura daí em diante pelo resto da vida, mas com algumas oscilações de intensidade.
Seguindo, depois de adentrar à vida social, o indivíduo agora procura começar a fixar sua base em certo meio, para que num futuro, próximo ou não, ela possa ser independente, entra aqui, então, em uma jornada extensa, talvez até pelo resto da vida, de aprendizado. E essa é para mim uma das partes mais interessantes, senão a mais interessante, pois quando no indivíduo é desperto o desejo/prazer pelo conhecimento no seu sentido amplo é como se ele adentrasse em um novo mundo, como Platão bem explicou, ele sai da caverna e do mundo das sombras, para o mundo da luz. Um mundo em que ele sempre viveu, mas que apenas não sabia disso. Estava alí, mas só com essa 'chave' ele pôde ver. E de agora em diante, nosso indivíduo segue primeiro em uma fase de teste, que exige um mínimo conhecimento do mundo à sua volta, e nesse teste é também onde ocorre uma etapa da 'seleção natural' onde vários desistem e vários outros continuam tentando (sim se você está pensando nele, é sim, para nós, o vestibular).
Passado esse teste, ele agora adentra ao estudo amplo da área do conhecimento com a qual ele teve mais afinidade, e segue, queira Deus, por toda vida nela, trazendo os melhores resultados e as melhores descobertas para algo que agora está um tanto além de si.

Para mim é um tanto fácil pensar nisso, na vida, de uma forma natural, sem maiores esforços. Porém, digamos agora que este nosso indivíduo morra. Boom.
Quero expôr, antes de tudo, uma indagação que vi em 'As benevolentes'(Jonathan Littel): O que é a morte?
Quero dizer... o momento exato da morte, em um momento há a vida, ainda que com ferimentos múltiplos da futura causa da morte, ou como ele citou 'ainda que com a corda no pescoço', esse momento ainda é da vida, porém depois disso já é, digamos, parte pertencente à morte. A indagação em si é: quando é o momento da morte, que nenhum fotógrafo consegue registrar?
Diga-me, pra onde vai aquela consciência, que alguns preferem chamar de alma (mas que pra mim no fundo é uma coisa só...) ?
Um dia eu estava observando o sacrifício de um porco para alimentação de uma familia. Como o autor bem citou: em um momento o porco estava alí andando normalmente, com todas suas funções vitais normais, no outro tive uma visão de que ele, agora, era só um monte de carbono amontoado e sendo limpo enquanto a água levava seu sangue e depois seria preparado para ser comido, e que, então, daria continuidade ao ciclo de renovação do carbono. Um tanto complexo de se traçar uma lógica para a 'alma' dele. Já me disseram uma vez que os animais não tem a alma que nós temos, ou que não tem alma. O que pra mim é uma grande besteira, e uma grande prepotência de quem falou, seja quem for. Pra mim nós homens, só temos alguns nervos cerebrais a mais e organismo mais evoluído que eles(animais). O conceito de vida e morte é o mesmo para os dois, logo ambos vivem, morrem, e quando morrem não creio que "o homem vai para o céu, ou inferno"... e os animais? simplesmente somem do universo e fim? Creio que o caminho pós morte, seja ele qual for, é comum a todos. Seja reencarnação, seja vagar por aí sem destino, seja o que for.
Meu pensamento estava até um pouco assentado sobre isso, quando resolvi um dia desses, pensar sobre os dinossauros. Outro boom. Bom, se a lógica fosse a da reencarnação, e os animais estivessem incluídos, o que foi feito, então da alma desses que já foram extintos? Pra mim já caiu por terra, e eu continuo incerto sobre minhas próprias opiniões a cerca de o que vem depois da morte.
Mas talvez seja isso. Ficar sem resposta. Afinal ninguém soube responder por certo até hoje, e ninguém voltou de lá pra nos dizer como foi, então resta esperar para saber. Sobre o medo? Bom, as vezes eu tenho medo, as vezes eu tenho curiosidade, e as vezes eu não tenho medo. Ora, se o carbono faz um ciclo, então alguém, ou algum animal/planta teve que morrer para que nós pudéssemos nascer, porque o carbono que me forma, que te forma não surgiu do nada, então para que outros possam nascer, é também necessário que um dia eu morra, que você morra, e seja como for, é mesmo inevitável, porque não seguí-lo ? E porque medo? Porque é desconhecido, eu sei. E nós temos mania de temer o desconhecido. O que fazer então, pelo amor de Deus?!
Bom, cada um faz o que lhe parecer mais acolhedor, uns preferem seguir fielmente a crença de que após a morte encontrarão seu Deus, e também seus entes falecidos, (o que eu acredito que seja possível), outros acreditam que vão logo reencarnar, outros acreditam que voltarão em forma de animais, outros acreditam no Deus Sol, outros no Deus Anúbis, que tem cabeça de cachorro, sabe-se lá porque, outros acreditam, mais bizzaro ainda soa para nós, em Deuses que tem cabeça de elefante (?!), outros ainda em Deuses que habitam o Olimpo. Uma infinidade de Deuses e formas que não cabe expor, e uma infinidade de crenças. É como um professor me disse uma vez: 'Hoje nós achamos engraçado e bizarro quando nos falam que o povo antigo no Egito era mumificado, e que era colocado numa pirâmide com todos os seus bens, acreditando que os levariam consigo e matavam, inclusive seus servos crendo que eles o acompanhariam após a morte, e ainda colocavam barcos desmontados aos pés do defunto, vejam vocês, crendo que seria necessário para que ele navegasse pelo céu junto ao Deus Sol. Porém em outros lugares do mundo, eles acham tão engraçado quanto, quando ouvem que nós adoramos um pedacinho de pão, dizendo que é corpo de Deus, e que tão logo iremos para o reino dos céus se passarmos nossa vida adorando.'
Religião é um ponto de vista individual. Não vou ficar discutindo mais a fundo aqui.

Acho que isso é um pouco do que eu penso sobre esse assunto tão desconcertante e complicado. Não consegui, e acho que ninguém também, chegar a uma conclusão ainda, mas acho extremamente curioso ficar pensando a respeito.

PS - Se alguém quiser comentar e deixar sua opinião, ou discutir, sinta-se à vontade.


Guilherme Resende










Só um teaser para o próximo texto: vocês já pararam pra pensar quão grande é o universo? 13.7 bilhões de anos, é a sua idade estimada. Tem noção do quanto é isso? Tempo e o universo serão os próximos temas.
Se alguém quiser dar uma aquecida:



3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O texto é mais uma vez excepcional. Adoro ler tudo que você escreve, Guilherme. Acho suas reflexões muito sensatas, seus argumentos muito bem selecionados.. E devo dizer que, o melhor dos seus textos é que eles normalmente me deixam inquieta. Sempre deixam alguma reflexão pendente, de um assunto que é invariavelmente misterioso; e isso é bom. Instigar que o leitor reflita é o objetivo de todos os autores não é? E você consegue fazer isso de maneira espontânea e talentosa. Ah, e devo dizer: a UnB te fez muito bem! Seu pensamento crítico já me assusta. haha ;*

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  3. ¡Estupendo este texto!
    Perfecta la citación del ''mito de la caverna'' de Platón.
    Tus ideas son muy buenas, aún más sobre temas tan "complejos" como la muerte.
    Estoy ansiosa para ver si los siguientes textos también seran tan buenos.
    ^^
    Besos

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